data-filename="retriever" style="width: 100%;">Quantas vezes nossas melhores expectativas, nossos sonhos mais caros, aqueles que cultivamos com o máximo de zelo, se frustram, se esboroam como torrões de terra seca que escapa por entre os dedos? Quantas vezes fraquejamos? Quantas vezes nos acovardamos diante de um obstáculo, que, adiante, perceberemos, era perfeitamente contornável? Quantas vezes vacilamos e, por causa de nossa imperfeita humanidade, sucumbimos às nossas próprias fraquezas?
Somos, não há dúvida, o resultado dos nossos próprios vacilos e fracassos, mas somos, sobretudo, o resultado de nossa capacidade de não desistir, de perseverar, de, nos momentos de aflição ou desesperança mais aguda, levantar a cabeça, mirar o horizonte que se alarga e prosseguir. Sim, somos o resultado das nossas imperfeições e da capacidade que tivermos de as entender e de vencê-las.
Sempre que não conseguirmos fazer a correta leitura dessas peculiaridades correremos o risco de nos machucar ou, como se diz popularmente, de dar com os burros n'água. Mas, não vá o caro leitor ou a leitora amiga pensar que estou enveredando pelo caminho da escrita de autoajuda, até porque já tem gente demais sugando esse rendoso filão. Ou que pretendo ensinar a alguém sobre como encarar a vida e vencer obstáculos pessoais e profissionais. Aliás, o mundo moderno também é feito de coaches e de gurus e está repleto deles.
Trata-se apenas, neste caso, de uma singela reflexão sobre nossas frustrações, nossas dores, nossos medos, mas muito especialmente sobre nossas imperfeições. Imperfeições estas, que, sabemos, são decorrentes de nossa caminhada evolutiva em busca de crescimento espiritual, do robustecimento anímico que nos permita trilhar as sendas que nos foram dadas a percorrer com o mínimo êxito necessário a um razoável equilíbrio psicossocial.
De qualquer sorte, não obstante as adversidades que precisemos enfrentar, e que nos podem de alguma forma vulnerar, é nelas ou delas que devemos haurir energia e força para o enfrentamento de eventuais demônios que teimem em nos atormentar, pois somos mais fortes que a soma dos nossos medos e frustações. Obviamente, nem sempre será fácil o aprendizado do correto itinerário a perseguir para esse enfrentamento, mas se fosse fácil não estaria eu aqui a falar do tema nem estariam os coaches, alguns "gurus" e muitos pastores a forrar seus profundos bolsos e já recheados alforjes.
Importa mesmo é que saibamos que as soluções para muitos dos nossos problemas estão dentro de nós mesmos, em nossas mentes e em nossos corações. E um bom princípio para compreensão dessa verdade é abrir os olhos, olhar para os lados e ver a dura realidade que nos cerca, com sua interminável legião de miseráveis, aos quais nem Estado nem sociedade alcançam o mínimo dos mínimos para que suas vidas tenham pelo menos um arremedo de dignidade. Jean-Paul Sartre, filósofo e escritor francês, disse em uma de suas peças que o "inferno são os outros". Acho que somos nós!